A Chance de Aladim

Canção para ouvir em rosa

Senhor Site

Vó de Açúcar

Natalina

 

 
Presentes Musicais

   

HISTÓRIAS DE ALGUNS PRESENTES MUSICAIS

A CHANCE DE ALADIM

Vera foi me buscar no hospital, onde eu havia ficado internada por dias. Haviam tirado minha vesícula, eu estava cheia de dores.

Ela cuidou de mim com toda paciência, me ajudou a subir escadas, tomar banho, colocar roupas limpas, pentear cabelo, comer, só foi embora quando me viu acomodada com todo o conforto. Algumas horas depois, me dei conta da data. Era o dia do aniversário dela.

Ela havia me dado de presente o seu dia, sem dizer nada, na maior gentileza. A gentileza é um dos traços marcantes da personalidade de Vera.

Bailarina e coreógrafa,Vera havia se tornado parte de nossa equipe, se encarregando da preparação física, da movimentação cênica e marcações de palco de nossos espetáculos. Havia morado conosco em São Paulo durante alguns anos e se tornara parte de nossa tribo, algo maior do que laços de família.

Já havia feito alguns ótimos Presentes Musicais para ela. Mas naquele dia, só mesmo por muito carinho e gratidão consegui arrumar forças de pegar o violão e buscar inspiração para presentear essa amiga irmã , e foi assim que compus a Chance de Aladim.

Experimentei uma afinação diferente no violão e o tema veio, fácil e fluido. Fiz a letra como se fosse a Vera pensando, imagens se associando de forma livre, coisas que ela acha, que gosta. Um jeitinho atrevido de encarar desafios.

Quando nasce uma canção a gente nunca sabe o seu destino. Mas essa já nasceu com uma estrela. Na hora de escolher repertório, foi ela que Ney Matogrosso escolheu. Está em seu disco Olhos de Farol, numa bela gravação.

Foi um presente que Vera me deu...

A chance de Aladim

Clique aqui para ouvir em RealPlayer com Ney Matogrosso

Se canto sou ave, se choro sou homem,
Se planto me basto, valho mais que dois
Onde a água corre a vida multiplica
O que ninguém explica é o que vem depois

No alto da montanha o vazio é tamanho
No fundo do mar a terra é abissal
Indo pela beira falta sal na vida
O que ninguém ensina é o ponto do mingau

Numa pirueta o corpo se agiganta
Bate uma preguiça e a fé fica pra trás
Amanhã num instante vira agora
E eu juro que ninguém me disse que era nunca mais...

No dedo mindinho eu levo meu carinho
Anel de safira vai no anular
Pai de todos manda, fura bolos fura
Viro azar em sorte com meu polegar

Mão de milho, mão de irmão que dá e tira
Sumo na mentira, escapo e digo SIM
Meia volta e o par é quem topa a quadrilha
E ninguém me livra de ser livre em mim

Me esfrego e um gênio cumpre três desejos,
Fantasio a morte, engano a dor banal
O que ninguém me rouba é o sonho de gigante
E o tudo e o nada juntos brincam carnaval

Nunca é tarde pra acender a lamparina
Enxergar além da vaidade vã
Nunca é nada pra quem curte uma saudade
E ninguém me nega a luz dessa manhã

Quem disse que ser feliz é o fim de tudo
O que ninguém me tira é o começo de mim
Meu canto é maior quando o mundo é mudo
E o que muda o mundo é a chance de Aladim

O amor é tudo, o diabo quer chamego
Nunca é muito cedo pra se achar a rima
Junto a lã, o pão, a viola, o canivete
O que ninguém me dá eu pego e danço em cima

O que ninguém explica, o que ninguém revela,
O que ninguém me disse, o que ninguém me dá
O que ninguém me livra, o que ninguém me ensina
O que ninguém me entrega, é certo, Deus dará
É certo, Deus dará...

 

CANÇÃO PARA OUVIR EM ROSA

Era uma quarentona morena, extremamente interessante, com uma vivacidade graciosa, uma personalidade encantadora.Vivia em Portugal e estava de visita ao Rio, se interessou pela divulgação que fiz num show sobre meus Presentes Musicais, havia adorado meu som, resolveu fazer "uma loucura linda," como ela mesma me disse, sorrindo. Nossa negociação rolou toda por e-mail, ela já em Portugal. Foi meu primeiro Presente Musical internacional. E um grande amor, celebrado com música.

O charme chique e inteligente da relação dos dois me encantou. Ela me enviou fotos de seu amor maduro, um homem belo e másculo, com um sorriso de arrasar. Suas mensagens sobre ele eram poesia pura. Foi fácil fazer a letra, ela me deu frases inteiras: "... na primeira vez que fizemos amor eu pensei: Agora cheguei em casa..."

Ele a esperou na volta do Brasil com um presente, óculos com lentes rosadas para que ela visse o mundo cor de rosa. Tinha em casa um grande aquário de água salgada, a chamava sempre de "minha sereia". E a sereia rebolava pelos corredores, atrás de mim até que eu terminasse de fazer a canção.

O desgosto da vida dele era não ter tido filhos, do primeiro casamento. Ele era louco por crianças. E por bichos, e por toda expressão de vida, arte, bem viver. Ela planejava assumir uma primeira gravidez de risco, para fazê-lo feliz.

Vejam só como é fácil se apaixonar por um homem assim:

Canção para ouvir em rosa

Clique aqui para ouvir em RealPlayer com Luhli

No seu aquário eu sou o mar, no seu mar eu sou sereia
Muda a cor no seu olhar ao sabor do amor
Num jantar a luz de velas o brinde é água de coco
E o tempero é açaí
(Eu provo até sushi...)
Incenso é de patchuli, lar doce lar com feng-shui

Cantarolando no chuveiro bossa nova e Night and Day
Colecionando livros, discos, bichos e amigos, é prata de lei
Um leão batendo bola, na elegância um Aramis
Companheiro que consola na tristeza
E na alegria me faz mais feliz

No seu aquário eu sou o mar, no seu mar eu sou sereia
Na primeira vez que fizemos amor, pensei:
Agora cheguei em casa...
Se é sonhar sonho semente, um jardim a refazer
Se é florir é flor de gente, my baby, meu bebê....

Se é viajar, Rio e Paris, num flash eu seguro a lua
Um sorriso em Sevilha, entre a barra e a maravilha, meu colo bom
Se é dormir, enroscadinho, se é dançar, agarradinho, essa canção
Amor maduro na colheita, a primavera no outono em meu coração
No seu aquário eu sou o mar...

Uma aeromoça portuguesa veio buscar o disco e me entregou o pagamento em euros, uma quantia bem maior do que o preço combinado.

Dias depois ela escrevia, me contando do terraço enluarado onde haviam dançado, por horas, ao som do Presente Musical. Ele também me escreveu, uma mensagem galante de agradecimento.

Dois meses depois, chegou um cartão virtual, anunciando a gravidez dela. Gosto de imaginar que isso aconteceu naquela noite enluarada...

Capa do CD Canção para ouvir em Rosa

 

SENHOR SITE

Era uma mulher de uns 30 anos, morena, bonitona, apaixonada pelo cara que queria conquistar com um presente de aniversário muito especial, um Presente Musical. Tinham tido um caso ardente, com toda a intimidade física, mas pouco convívio. Ele já tirando o corpo fora, ela apaixonada.

Ela tinha certeza que um presente assim especial ia sensibilizá-lo e trazê-lo de volta. Mas pouco podia me dizer sobre ele, não havia entrado no meio no qual ele vivia. Um jovem de família muito rica, que já tinha sido preso por envolvimento com drogas, que gostava de cachorros. Ficava difícil fazer uma música só com isso. Ele tinha uma firma de sites, chamada Senhor Site, gostava de desenhar à moda dos quadrinhos antigos, tipo Dick Tracy, curtia assistir filmes em p&b, e se amarrava no som do U2.

Eu sabia que a música para conquistar um rapaz desse tipo teria que ser provocante sem ser vulgar, inteligente sem ser afetada, convidativa sem ser carente. Envolvente, mas não puxando pro lado romântico, pra não assustar o cara, nada sentimental, algo assim meio casual, mas de emoção intensa...

...bom, com milagre é mais caro.

Com o auxílio de minha filha Júlia, super designer gráfica, entramos no site de sites dele. Adaptamos seus desenhos para o projeto gráfico, ouvi 3 discos do U2 pra pegar o beat, chamei a música de Senhor Site e ficou assim:

Clique aqui para ouvir em RealPlayer com Luhli

Vou virar herói de um gibi antigo
Pra você me ler
Vou ser a mulher do cowboy que se apaixona pelo índio
E fugir com você
No I Love You, ouvindo U2
Colorir todos quadrinhos de blue
A vida pode ser um filme p&b
Ou um Senhor Site com você

Eu sou a Narda sem Mandrake,
Diana sem Fantasma,
Eva sem Adão
Eu vou de cipó na sua festa,
Me Jane, you Tarzan
E gritar; SHAZAM!!!!
Num super vôo viajar até de manhã
A vida pode ser um filme p&b
Ou um Senhor Site com você

Eu quero que me queira de um jeito diferente
Me deixa ser inteira brincando de ser gente...

Gostaria de ter tido uma banda de rock para gravá-la, enfim fiz o que pude com meu violão e um teclado com efeitos.

Ela adorou o disquinho, foi um sucesso entre as amigas, mas não conseguia entregar a ele. Ele estava literalmente fugindo dela. Ela deixava recados e ele não retornava. Ela insistiu por semanas, me ligava perplexa, me contando as peripécias do caso. De tanto insistir foi se esvaziando, se chateando, acabou deixando pra lá.

Ela sumiu de mim, por um bom tempo.

Um dia me ligou, contando que tinha aparecido um namorado legal já há meses, um homem mais velho, companheiro, batalhador como ela. Que resolveram tirar umas sonhadas férias juntos.

Ao mexer no armário pra arrumar a mala, encontrou o disquinho esquecido. Num impulso, achando que tinha que entregar aquilo pra ficar livre de vez, colocou o CDzinho num envelope e o deixou na portaria do prédio onde ele trabalhava e partiu, para suas férias.

Voltou semanas depois, bronzeada e feliz, encontrou dúzias de recados dele. Ele tinha ficado impactado com o disquinho, tinha adorado aquilo, descoberto que mulher nenhuma havia antes o compreendido tão bem, desesperava por vê-la, que havia sido um idiota desperdiçando um encontro desses que só acontece uma vez na vida, que pedia uma chance, um encontro para agradecer pessoalmente aquele maravilhoso presente.

Mas ela estava noutra, a situação se inverteu.

Agora era ele quem a perseguia, até que num fim de tarde a cercou na saída do escritório e acabou rolando tudo aquilo que ela havia antes sonhado que rolasse. la dispensou o namorado e ficaram juntos, meses depois soube que continuavam assim, no maior love.

A música me apronta cada uma...

 

VÓ DE AÇÚCAR

Ele era um desses fãs fiéis, gente simples, morava em Osasco, São Paulo. Juntou dinheiro por meses para pagar o Presente Musical.

Sua avó se chamava Isa, ia fazer oitenta anos perto das festas de fim de ano. A família planejava uma grande comemoração, ele queria fazer uma homenagem inesquecível. Imaginou entregar o Presente Musical com todo mundo cantando, enquanto ele dançava com a avó em volta da árvore de Natal.

Ele me contou que ela era uma vó de açúcar. Que era fã de Pixinguinha e vivia cantarolando o Carinhoso. Grandes olhos azuis, devota de Nossa Senhora, fazia crochê como ninguém, sempre esperava os netos sempre com um bolo, uns pãezinhos de queijo, um café coado...

E que, mesmo que nenhum deles pedisse, sempre dizia, a cada um: Que Deus te abençoe.

Insisti para que ele me contasse tudo sobre a entrega do Presente Musical. Escreveu-me feliz que foi como imaginei, a ciranda simples e envolvente, cantada com palmas por toda a família, e os dois dançando entre risadas.

Pouco tempo depois ela teve o derrame, durou poucos meses.

Mas aquele presente foi mesmo o momento de glória. Até hoje, quando canto a Vó de Açúcar em shows, uma ternura funda e suave me perpassa. Um pouco da essência dela ficou comigo, para sempre. E me abençoa.

Vó de Açúcar

Clique aqui para ouvir em RealPlayer Luhli

Quando eu mergulho na lagoa
Na água azul do seu olhar

Eu viro criança de colo
Eu viro peixinho no mar
Quando a maré não tá boa
Ela é meu remo e canoa
Por Nossa Senhora abençoa
Me dá a alegria da sua pessoa

Ô vó, vovó, me faz uma bala de goma
Ô vó, vovó, dá um beijo, um pão de queijo, um café
Ô vó, vovó, vó de açúcar é ouro de mina
Me abraça, me ensina a fazer crochê com fé
Meu coração é de você...

 

NATALINA

Já havia feito todo gênero de música, para presentear minha parceira Lucina, a cada Natal. Em15 anos de Presentes Musicais haviam saído canções líricas, alegóricas, guerreiras, ternas, bucólicas, eruditas... só faltava explorar a veia do humor.

Por causa de Lucina comecei a fazer Presentes Musicais. Ela se queixava sempre de como é difícil nascer no Natal, que se sentia sem identidade, que só ganhava um presente, um rosário de reclamações dentro de uma depressão de aniversariante que se atravessava todo ano em nosso Natal, onde as crianças exigiam seus mimos e a tradição pedia a produção de quitutes e uma trabalheira de lembrancinhas a providenciar.

Para consolá-la, comecei a fazer uma música de aniversário, além do presentinho natalino. Os amigos escutavam e se animavam, pediam também uma música personalizada. A coisa foi se espalhando até que, há alguns anos, resolvi começar a vender Presentes Musicais por encomenda.

Entre eu e Lucina, acabou virando parte de nosso ritual, nas festas. Todo ano a coisa acontecia do mesmo jeito. Bem que eu tentava antecipar a produção do Presente Musical, por causa do acúmulo de atividades de última hora, mas a inspiração não vinha. Na véspera, a música baixava em mim, súbita, num jorro criativo. Lá corria eu pro violão, deixando pra lá as panelas e os celofanes.Vinha pronta, letra, melodia e harmonia, era só gravar no meu k7 de bolso, copiar a letra e pronto.

Nunca falhou. E sempre foi uma surpresa, para ela e para mim.

Daquela vez, eu pedi aos anjos do Natal uma canção com humor. Imaginei Lucina colocando o célebre gorro vermelho e encarnando a personagem, Natalina, a mulher que nasceu no dia de Natal e reclama que só ganha um presente...

Coloquei todos os clichês de Natal na letra, num original enfoque de sedução, com um toque de fantasia, um mau humor charmoso, um porre colossal, e finalizei as frases com um breque falado, tudo escorregando numa harmonia jazzística com verve de chorinho antigo. Acho que, na hora, ela não gostou muito, ficou com um sorriso meio de lado e nunca se dispôs a interpretá-la.

No entanto, a Natalina vem sendo, há anos, um dos Presentes Musicais mais cantados. As pessoas adoram, riem muito, ela conquista todos os corações e provoca muitos aplausos nas platéias de meus shows, onde abro uma pausa bem humorada cantando a Natalina como exemplo, para divulgar meus Presentes Musicais.

Fica aqui numa homenagem a todas as mulheres, como as cantoras Simone e Janis Joplin, que o destino fez nascer no dia 25 de dezembro...

Natalina

Queria mesmo era namorar Papai Noel
Ir num trenó puxado a rena e ver a terra lá do céu
Cada Natal eu nasço com Jesus Menino
Já reclamei com o destino, quero um dia só pra mim
Sem rabanada, sem musiquinha de sino
Sem o porre, o corre-corre, sem pinheiro no jardim
Sem pisca-pisca de luz, sem purpurina,
Panetone, celofane, sem promessas de papel
O que eu queria era não ser Natalina
E cantar meu parabéns sem misturar com Jingle Bell

Queria mesmo era namorar Papai Noel
Ir num trenó puxado a rena e ver a terra lá do céu
Quebrar o gelo, descobrir se o bom velhinho
Embaixo da roupa vermelha é, afinal, tão velho assim
Dizer a ele, depois de muito denguinho:
- Ô, Noel, vê se me arranja um diazinho só pra mim
Sem lero-lero, comércio, demagogia
Pra poder ter a alegria de nascer e ser alguém
Que é covardia competir nesse meu dia
Com aquele menininho que nasceu lá em Belém!

Queria mesmo era namorar papai Noel
Ir num trenó puxado a rena e ver a terra lá do céu
E descobrir que essa estrela brilha e ensina
Num céu com lugar pra todo mundo, porque não o meu?
Eu e Janis Joplin, tanta gente boa e fina
Que também é Natalina, isso é destino que Deus deu
E agora que a vida já me namora
Quando chega a minha hora já não acho assim tão mal
Pois acabo ganhando de carona coisa à beça
Ganho até peru de graça e fica feliz meu Natal

(Pago em 3 vezes em entrada meu aval celestial
Entra ano e sai ano e Natal é sempre igual
E eu, que não sou Jesus nem nada, tomo um porre colossal!)

 

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