OFICINA
DE CONSTRUÇÃO DE TAMBORES
Proposta
Minha
proposta de trabalho é desenvolver a criatividade musical
dos participantes e paralelamente ensinar a construir tambores
e chocalhos.
Primeiramente
fazer o aquecimento do grupo através da criatividade musical
e dos jogos percussivos. Dentro disso, os ritmos principais
vão sendo ensinados e treinados, em composições rítmicas.
A
segunda etapa é a construção de tambores e chocalhos. Cada
participante fará os seus instrumentos.
Seguem
abaixo todos os aspectos práticos da construção de tambores.
Com
os tambores prontos, iremos desenvolver arranjos rítmicos
explorando a sonoridade deles.
Fechando
esse ciclo, podemos ensinar a fazer tambores pequenos de vários
tipos, que podem ser feitos com sobras de material e pouquíssimo
custo, para fins de venda artesanal.
A
Construção de Instrumentos
Cada
oficina de construção de tambores se adapta às condições do
grupo ou da instituição contratante. Há, entretanto, certos
fatores em comum em qualquer tipo de tambor construído por
mim. São tambores feitos da forma mais simples e prática,
visando preço baixo, excelente sonoridade, beleza, leveza,
resistência e facilidade de afinação.
Para
uma oficina com 20 participantes a minha proposta é construir
3 tipos de tambor:
-
10 tambores maiores, com diâmetro de 300 mm, com timbres
bem graves e bastante volume;
-
7 tambores com diâmetro de 200mm, longos, timbre de barítono.
São longos para terem maior ressonância;
-
3 bongôs longos, feitos com dois tubos, um de 200mm e um
de 120mm. Dois timbres distintos;
-
Essa diferença de timbres irá permitir um maior enriquecimento
da massa sonora, criação de cadências diversas com perguntas
e respostas, elaboração de "frases percussivas".
A
confecção de tambores se divide em 4 etapas:
1. O corpo do tambor
2. O couro
3. Cordas e afinadores
4. Fazendo os Tambores
O
corpo do tambor
O
corpo do tambor pode ser de diversos materiais. Para sermos
práticos escolhi como material básico o PVC. Tubos de PVC
podem ser encontrados com facilidade no comércio de materiais
de construção.
Existe
em diversos diâmetros, é fácil de serrar e de lixar, leve,
resistente e tem excelentes características acústicas. As
varas de PVC são vendidas em pedaços de 6 metros. O corpo
de cada tambor grave terá, em média, 60cms, com variantes.Alguns
terão 45cm, outros 50, de forma a serem parecidos mas tendo
individualidade. Entre 45cm e 60cm de comprimento a diferença
sonora é pequena.
Quanto
mais longo o tambor mais ressonância terá o timbre. Nos timbres
mais agudos vamos substituir a presença do grave pela ressonância
nos médios-graves e médios.Assim os timbres terão uma mixagem
natural.
Nossos
7 tambores de 200mm por isso serão mais longos. Não soam tão
graves, mas têm um timbre que penetra. Não podem ser tão longos
a ponto de prejudicar o manuseio. O peso é um grande estorvo
para o percussionista, por isso meus tambores são resistentes
e leves.
Nossos
3 bongôs longos são uma novidade. Invenção nossa. Usaremos
uma vara mais fina, de 120 mm, fazendo par com uma de 200mm.
Os dois timbres permitem muitas combinações, irão contribuir
com possibilidades novas nos desenhos rítmicos.
As
sobras de cano serão cortadas em rodelas finas, da espessura
de 7cm mais ou menos. Podem servir de base para chocalhos
reciclados. São feitos com latinhas de filme com arroz dentro
que são amarradas nos aros de PVC. Essas latinhas são muito
fáceis de se conseguir, são dadas de graça nas lojas de fotografia.
Esses chocalhos podem ser pintados ou enrolados com fitas.
Prefiro as fitas, que amaciam o contato manual. As latinhas
são amarradas com barbante, depois levam um banho de cola
branca. São instrumentos de rápida confecção.
Oficina
de construção de tambores
PRIMEIRO
DIA
1.
O Corpo do Tambor
Serrar
os segmentos de cada tambor. Lixar as bordas, retirando as
faíscas. Aplicar em uma das extremidades o Durepox, fazendo
uma borda arredondada, bem lisa e regular, onde o couro irá
assentar. Pintar ou forrar o PVC para acabamento. No nosso
caso optei pela tinta spray, de manuseio rápido e fácil, com
secagem também rápida.
2.
O Couro
O
couro é de cabrito. Iremos encontrar em casas de artigos religiosos,
umbanda e candomblé. São vendidos em rodelas de vários diâmetros,
quanto maior, mais caras. O preço das lojas, mesmo no centro
da cidade, faz grande diferença do preço das lojas do Mercadão
de Madureira. Se for uma compra grande vale a pena gastar
a gasolina e ir ao curtume de Santa Cruz, onde podemos comprar
couro ainda muito mais barato. No caso, vamos para o Mercadão.
Foi lá que fiz o levantamento de preços. Usaremos couros de
45 a 30cm. Os couros devem ser selecionados com cuidado. Não
podem ter furos, marcas, cicatrizes, espessamentos ou afinamentos.
Tudo isso vai prejudicar a vibração no toque, ou vai torna-los
passíveis de arrebentar, quando esticados.
-
Riscamos os couros à lápis, de forma a poder depois apagar
os riscos;
-
Furamos sobre uma madeira compacta, dando martelada num
furador, um tipo de faquinha redonda;
-
Os furadores têm vários diâmetros;
-
Depois de furados os couros devem ficar de molho em água
limpa, pelo menos por duas horas;
- Nunca
mais de 8 horas, muito tempo imersos começam a cheirar mal;
-
Os tambores são encourados com os couros molhados;
- Depois
de secos, os couros se contraem, ficando ainda mas esticados,
tinindo.
-
Se a riscagem e a furação dos couros não ocuparem todo o
tempo da oficina, começaremos a fazes as argolas de corda
e a preparar os afinadores.
TERCEIRO
DIA
3.
Cordas e Afinadores
Usamos
cordas de algodão, de rami, de seda ou de fibra mista. Nunca
sisal, que é áspero, machuca a mão e faz ficar difícil esticar
as cordas no tambor. São cordas vendidas em muitas cores,
o que nos permite alegrar o visual fazendo diversas combinações.
Na
parte inferior do tambor enrolamos umas 7 a 10 voltas de corda,
que vão dar o acabamento ao tambor e fazer um amaciamento
do ponto de maior atrito da corda, quando ela faz o ângulo
reto para chegar ao centro inferior do instrumento, onde se
prende numa argola.
Confecção
das argolas: As argolas serão feitas de corda trançada e costuradas
com agulha e linha.
Preparo
dos afinadores: Os afinadores são feitos com pedaços de mangueira
de jardim transparente, com cerca de 4 cms cada.
Em
nossa oficina vamos dar um jato spray neles,para ficarem nas
cores de cada tambor. Vão servir para regular o tom do tambor.
QUARTO
DIA
4.
Fazendo os Tambores
Os
couros já estarão bem moles, de molho. Serão colocados no
colo, com o avesso para cima. A corda irá passando pelos furos
fazendo um S. O fim da corda estará sempre nos furos de dentro.
Devemos deixar uma sobra de pelo menos um palmo, de cada lado.
A corda nunca poderá ter emenda.
Para
encourar os tambores será preciso um ajudante, que ficará
segurando a rodela no lugar, sempre no meio da boca de baixo
do tambor. A corda, previamente medida, será enfiada na corda
do couro e irá até a rodela lá embaixo, fazendo um ziguezague.
Nesse ziguezague poderá passar pelos afinadores, que irão
facilitar ajustes de timbres. Essa operação deve ser feita
com concentração e cuidado, pois qualquer erro terá que ser
desmanchado e refeito.
Primeiro
se enfia a corda, depois vem dando voltas e a cada volta esticando
um pouco mais, sempre controlando para que o couro e a rodela
fiquem bem centralizados.
No
aperto final se dão os nós e se faz um acabamento em forma
de trança,que fica muito bonito.
Aí
temos que resistir à vontade de experimentar o som. O tambor
não pode ser tocado até o couro secar completamente, se contrair
todo. Tocado molhado poderá ceder e ficar com mossas, o que
estragará todo o trabalho.
QUINTO
DIA
5.
O Batismo
É
hora de batizar os couros com óleo. Pode ser dendê, oliva,
milho, ou um bom hidratante cremoso. O importante é que o
couro perca a aspereza e se torne flexível, pois quanto mais
flexível melhor responderá ao toque.
Dizemos
que o som do tambor está pronto quando o couro ficar maduro.
E quem faz isso é muito batuque.
- Quando
não estiver sendo usado, o tambor deve ficar coberto com
um pano limpo e macio;
- Nunca
deve servir de mesa ou de apoio para objetos;
-
Pode ser exposto ao sol da manhã, para secar, depois de
muitos dias de chuva. Mas se estiver frouxo e úmido, o secador
de cabelo resolve;
-
Em caso de viagem ou de muito calor, se estiver muito teso,
com algumas palmadas fortes ele retoma seu timbre natural.
Aí,
é descobrir seu potencial, fazer cadências, criar desenhos
rítmicos. É hora de descobrir, curtir, brincar com eles e
montar um número percussivo, para o encerramento do projeto.
...E
boa batucada!
Ferramentas
e material de apoio
Além
do material, precisaremos de algumas ferramentas:
-
Serrotes
-
Tesouras fortes
-
Linha e agulha
-
Lápis e borracha
-
Régua, esquadro, fita métrica
-
Pincéis largos, tamanho médio.
-
Furador de couro
-
Martelo ou marreta
-
Bacias grandes para por os couros de molho
E
mais:
- Jornais
velhos
-
Solvente para limpeza da tinta
-
Pinças ou agulhas de crochê para manipular as cordas, na
hora de encordoar.
-
Filme colorido para fotografar os tambores prontos.
PARA
ORÇAMENTO DESTA OFICINA
ENTRE EM CONTATO COM LUHLI,
CLICANDO AQUI
|